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Poesias de Dom Pedro II/47

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Poesias de Dom Pedro II (1899)
translated by Pedro II
O Besouro
379463Poesias de Dom Pedro II — O BesouroPedro II
[ 60 ]

« O BESOURO ».

 

Poesia de Nadaud.

 

Dizendo ia a malta louquinha
De meninos crueis no gôzo:
Vamos, besouro, vôa azinha;
Acorda-te emfim, preguiçoso.

E o insecto, a aza entr’abrindo,
Busca sacudir o torpôr,
Grande esforço repetindo
Sem exito, e nāo sem dôr.

Zumbe, e emfim s’eleva do chāo;
Voa..., mas fio ligeiro
Detem-n’o, e, qual estála o balāo,
Naufraga n’arêa certeiro.

Inda s’eleva, e cambalhota,
Muito zombando os spectadores,
E diz ás creanças em risota,
Da queda curtindo mil dôres:

 
[ 61 ]

Sou artista, poeta sou,
Philosopho, e tambem sabichāo.
No meu retiro occulto estou,
Sonhando, ou dando meu cochilāo.

Vindes com esse discurso á tôa
Meu espirito perturbar;
Vamos, dizeis: vôa, vôa,
Toca a escrever, pintar, cantar.

E quando até novas alturas
Com vosso auxilio vou chegar,
Dizendo: fazei diabruras,
Vindes-me as azas quebrar.

 


 

  This is a translation and has a separate copyright status from the original text. The license for the translation applies to this edition only.
Original:
This work was published before January 1, 1930, and is in the public domain worldwide because the author died at least 100 years ago.
Translation:
This work was published before January 1, 1930, and is in the public domain worldwide because the author died at least 100 years ago.