Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 17, n. 3, e20210034, 2022
nde renosema, || para te fazer sair comigo,
koîpó endé || ou de ti
i kugûapaba rupi. || por um meio de saber dela.
Ome’ẽmotá[1] || Quer dar,
niã morubixaba, || com efeito, o chefe
nde sema resé, || por tua saída,
ma’ẽgûasueté || algo muito grande
ndebe. || para ti.
Eîor esema. || Vem, saindo.
Na xe raûsupe îepé? || Não me amas tu?
Omanõ raka’e[2] || Morreu
nde rybyra || teu irmão mais novo
Lippe Tokaîa; || Lippe Tocaia;
îandé sy omanõ || nossa mãe[3]
Musu’ype. || morreu no Muçuí[4].
Aîpó nhote, || Isso somente [te digo],
xe rybyry gûy. || ó meu irmão mais novo.
Nde ryke’yra, || Teu irmão mais velho,
Capitão Diogo da Costa. || Capitão Diogo da Costa.
Oîe, daçaçeti de oitubro, 1645. || Hoje, dezessete de outubro de 1645.
Carta 5 - De Diogo Pinheiro Camarão a Pedro Poti, de 21 de outubro de 1645 (Figura 5)
TRADUÇÃO
Ao senhor Capitão Pedro Poti o próprio Deus, Nosso Senhor, te dê saúde.
Antes de tu leres esta minha carta, que saibas que eu estou muito feliz, e pergunto pela saúde de todos vocês, eu também não estando mal, na verdade.
Para fazer-lhes as coisas, as coisas que vocês desejam, para fazer as coisas, envio estes meus soldados aí, perto dos teus caminhos, para a saída de vocês, dizendo-lhes: – Observem a saída de alguns dos seus.
Mandei o capitão Diogo da Costa, dizendo-lhe: – Prenda alguns homens ou algumas mulheres para conversar e diga a eles que vocês foram para retirá-los. Conversem com eles primeiro e, depois de conversar, faça-os ir para dar notícias a vocês.
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- ↑ Observe-se a ausência, aqui, do pronome objetivo -î-, como é regra entre os verbos transitivos conjugados.
- ↑ Tal partícula expressa o passado: ‘antigamente’, ‘há tempos’, ‘há algum tempo’.
- ↑ Aqui, fica demonstrado que Diogo da Costa era irmão consanguíneo de Pedro Poti.
- ↑ Muçuí, de musũ + ‘y – ‘rio dos muçuns’, peixes simbranquídeos. Trata-se da aldeia de São Miguel do Muçuí, que ficava a sete léguas ao norte de Olinda e onde tinha vivido Felipe Camarão.