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Page:Poesias de Dom Pedro II.pdf/88

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SONETO.

 

Por Sully Prudhomme.

 

É tarde; o astronomo em noites continuadas,
Da torre e no ceu onde o som se esvae,
Busca ilhas d’ouro e quando a noite cahe
Vê brilhar infinitas alvoradas.

Voam mundos, sementes peneiradas;
Formigam nebulosas, leite que se extrahe;
E ao astro que crinito pelos ares sahe
Cita que volte, éras mil passadas;

E volta o astro. Um passo ou um instante
Nāo póde á eterna sciencia elle roubar.
Vae-se o homem, mas a humanidade é constante;

Movel a vista, sempre anda a velar;
E, embora esteja á volta já abolida,
Vigia a verdade só na alta guarida.