Jump to content

Page:Poesias de Dom Pedro II.pdf/72

From Wikisource
This page has been proofread.

30

SONETO

 

Por Félix Anvers

 

Segredo d’alma, da existencia arcano,
Eterno amor num instante concebido,
Mal sem esperança, occulto a ente humano,
E nunca de quem fê-lo conhecido.

Ai ! Perto d’ella desapercebido
Sempre a seu lado, e só, cruel engano,
Na terra gastarei meu ser insano
Nada ousando pedir e havendo tido !

Se Deus a fez tāo doce e carinhosa,
Comtudo anda inattenta e descuidosa
Do murmurio d’amor que a tem seguido.

Piamente ao crú dever sempre fiel
Dirá lendo a poesia, seu painel:
«Que mulher é? » Sem tê-lo comprehendido.