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SONETO
Por Félix Anvers
Segredo d’alma, da existencia arcano,
Eterno amor num instante concebido,
Mal sem esperança, occulto a ente humano,
E nunca de quem fê-lo conhecido.
Ai ! Perto d’ella desapercebido
Sempre a seu lado, e só, cruel engano,
Na terra gastarei meu ser insano
Nada ousando pedir e havendo tido !
Se Deus a fez tāo doce e carinhosa,
Comtudo anda inattenta e descuidosa
Do murmurio d’amor que a tem seguido.
Piamente ao crú dever sempre fiel
Dirá lendo a poesia, seu painel:
«Que mulher é? » Sem tê-lo comprehendido.