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Que Valmundo mandou, Imperador Germano,
P’ra Roberto avisar que o santo Padre Urbano
Por cartas os citava a irem, sem detenças,
Passar com elle em Roma as santas Endoenças.
Taes visitas mui ledo o Anjo recebeu.
Vestidos de brocado, anneis, joias lhe deu
Do genero mais raro e mantos de velludo
Pelo forro d’arminhos ricos sobretudo.
E entāo com elles parte, atravessando o mar,
Até da Italia amena ás praias apportar,
Amavel regiāo, mais bella n’esse instante,
Só por ahi passar o sequito brilhante,
Com plumas, trajes, mantas, joias a tinirem
Nos arreios, e esporas d’ouro a reluzirem.
Mas eis que entre lacaios, alvo de galhofa,
Em malhado corcel gestos que excitāo mofa,
De rabos de raposa o manto fluctuando,
Grave e solenne o môno atraz d’elle montando,
Cavalga El-Rei Roberto, e immensa gargalhada
O segue sem cessar, por quanta villa andada.
Na praça de Sāo Pedro o Papa aos convidados
Con pompa recebeu, clarins embandeirados .
Logo lhes dá a bençāo e avido os abraça ,
Respirando apostolica e divina graça.
Emquanto Urbano acolhe o Anjo entre oraçōes,
Mil festas e espontaneas congratulaçōes,